Após o 11º CONEB – Conselho Nacional de Entidades Base, ocorrido em abril, em Campinas, no encontro da União Nacional dos Estudantes (UNE), que reuniu por volta de 13 mil estudantes do Brasil inteiro, o Movimento Copiar Livro é Direito! começou a se expandir.

O Movimento tem como objetivo que estudantes possam fotocopiar partes de livros para seus estudos.

O Copiar Livro é Direito! surgiu em resposta às ações da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR), que representa algumas editoras no Brasil. A ABDR tem processado universidades e diretórios acadêmicos em cinco estados brasileiros – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e Rio Grande do Sul – pela realização de fotocópias. Até agora, 18 instituições foram acionadas na Justiça.

A Lei de Direitos Autorais brasileira, n. 9.610/98, diz que não constitui ofensa aos direitos autorais “a reprodução, em um só exemplar, de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este sem intuito de lucro”. Ou seja, há 5 restrições complementares: 1. só pode copiar no máximo um único exemplar; 2. tem de ser pequenos trechos (mas não diz o que são pequenos trechos); 3. tem de ser para uso privado de quem copia; 4. ele mesmo, a própria pessoa que copia, é que tem de fazer a cópia, e 5. não pode haver lucro com a cópia.

Portanto, como se vê, o que é autorizado pela Lei no final das contas é restringido por 5 requisitos.

A ABDR argumenta que um capítulo já não pode ser copiado, porque segundo eles não é pequeno trecho. Os estudantes, em contrapartida, entendem que na prática eles ficam sem acesso ao material de estudo, ou seja, sem acesso a cultura e conhecimento.

A iniciativa do Movimento nasceu no Diretório Acadêmico da Escola de Administração de Empresas de SP (EAESP) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que está sendo processado juntamente com a própria EAESP-FGV, pela ABDR.

De acordo com Cássioi Putterman, estudante e atual coordenador do Movimento, na ausência de interpretação clara do Judiciário, adicionada à insegurança jurídica causada pelo vago termo da Lei, bem como da necessidade urgente de alunos terem acesso a material para estudo, no final de 2005 a FGV baixou uma Resolução idêntica à já emitida pela USP e pela PUC e que interpreta o termo “pequenos trechos”.

Segundo a Resolução, “será permitida a extração de cópias de pequenos trechos, como capítulos de livros e artigos de periódicos ou revistas científicas, mediante solicitação individualizada, sem finalidade de lucro, para uso próprio do solicitante.”

Segundo Puttterman, “o absurdo da Lei é que ela proíbe que os próprios autores façam uso de seus livros em aula, por exemplo”. Ele explica que o Movimento Copiar Livro é Direito! fez estimativas de quanto cada aluno seria obrigado a gastar, caso tivesse de comprar toda a bibliografia do semestre de um curso: “um estudante de 1º semestre de Administração de Empresas da FGV teria que desembolsar R$ 2 mil.”

O Movimento continua se expandindo. Até hoje, tem como signatários as seguintes organizações:

  • Centro Acadêmico Direito GV (FGV-SP)
  • Centro Acadêmico Nove de Setembro (São Judas/Administração)
  • Centro Acadêmico XI de Agosto (USP/Direito)
  • Centro Acadêmico 22 de Agosto (PUC/Direito)
  • Centro Acadêmico Visconde de Cairu (USP/FEA)
  • Diretório Acadêmico de Administração FGV – Rio
  • Diretório Acadêmico Eugênio Gudin (Mackenzie)
  • Diretório Acadêmico Getulio Vargas (FGV-SP/EAESP e EESP)
  • Diretório Acadêmico Ibmec – RJ

Representantes Discentes da USP

O Copiar Livro é Direito! conta com a parceria do [Centro de Tecnologia e Sociedade CTS) da Escola de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito Rio) e da Free Culture, organização internacional de estudantes que defende a flexibilização das leis sobre propriedade intelectual e o acesso a conhecimento. O Movimento Copiar Livro é Direito! pretende lançar uma cartilha e um website para apoiar a iniciativa.

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